segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Agricultura: em momento raro, interesses de Brasil e EUA coincidem

Agricultura: em momento raro, interesses de Brasil e EUA coincidem
PUBLICIDADE
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Pela primeira vez em muitos anos, Brasil e EUA não serão antagonistas em uma negociação comercial. Os países compartilham interesses na agenda desidratada que será negociada em Bali, na semana que vem  principalmente porque não estão em discussão grandes mudanças nos subsídios agrícolas nem a abertura da indústria.
Mas os EUA, ao contrário do Brasil, já têm um plano B caso a Rodada Doha fracasse. O país negocia grandes acordos regionais como a Parceria Trans-Pacífico (TPP) e a Parceria Transatlântica para Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês) com a União Europeia.
Normalmente, Brasil e EUA discordam nas negociações multilaterais. O Brasil é ofensivo em agricultura e pressiona para que os EUA parem de subsidiar seus agricultores e de impor tarifas muito altas para importação de alguns produtos agrícolas.
Já os EUA cobram do Brasil tarifas menores sobre produtos industriais e uma política mais dura de proteção à propriedade intelectual sem arestas
Em Bali, será negociada apenas uma versão simplificada da agenda de Doha, que não causa muitos atritos entre americanos e brasileiros.
O pacote tem três pilares: facilitação de comércio, questões agrícolas e eliminação de barreiras para os países menos desenvolvidos.
Os dois países apoiam um texto ambicioso em facilitação de comércio, que tem como objetivo reduzir impostos, facilitar trâmite nas aduanas e reduzir o tempo que os produtos levam para cruzar fronteiras.
Já alguns dos países menos desenvolvidos querem que as nações ricas ajudem a financiar as mudanças necessárias para agilizar as aduanas e compensar a perda de receitas com redução de impostos.
Outra questão não controversa é o direito que os países menos desenvolvidos do mundo (LDC) teriam direito de exportar seus produtos sem tarifas ou cotas para países desenvolvidos, e sem oferecer reciprocidade.
A proposta lançada pelo Brasil para melhorar administração das cotas de importação também é abraçada pelos EUA, desde que a China também abra suas cotas para os países em desenvolvimento.
Os países têm a permissão da OMC para estabelecer cotas que preveem tarifas menores para importação de certos produtos, de determinados países. Quando se esgota a cota, a tarifa sobe. Mas muitas vezes essas cotas não são preenchidas pelos países a que se destinam.
A ideia é conceder a países em desenvolvimento o direito de preencher as cotas quando os países "donos" não o fizerem

Nenhum comentário: