AGRONEGÓCIOS / FUGA DAS TRADINGS
29.03.2009 | 05h15 - Atualizado em 29.03.2009 | 14h03
Celeiro do agronegócio, Rondonópolis agora aposta na agricultura familiar
Nos últimos meses, a cidade assistiu a fuga dos investimentos das tradings, responsáveis por 70% do financiamento de sua safra agrícola
Roosevelt Pinheiro/ABr
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Colheita de soja em fazenda em Rondonópolis, que chegou a ser considerada a Capital do Agronegócio
AGÊNCIA BRASIL
Na região onde estão concentrados os negócios dos dois maiores produtores individuais de soja do mundo, Iraí Maggi e o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, a agricultura familiar alicerçada na pequena propriedade, pode ser a alternativa para superar rapidamente as crises que, a exemplo da atual, insistem em atacar o setor rural.A avaliação é de Valdir Correia, secretário de Agricultura de Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá), município com o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, baseado principalmente no agronegócio.
Nos últimos meses, a cidade assistiu a fuga dos investimentos das tradings, responsáveis por 70% do financiamento de sua safra agrícola. O vírus da crise imobiliária ocorrida nos Estados Unidos que contaminou num primeiro momento o setor financeiro e a indústria automobilística logo alcançou a agricultura de Rondonópolis, que hoje busca opções para continuar ostentando a condição de um dos principais celeiros agrícolas do Brasil.
O investimento na agricultura familiar, argumenta Correia, leva mais pessoas a produzir. Com isso, destaca o secretário, mais dinheiro circula na economia, irrigando não só o setor agrícola, mas também outros segmentos. A crise, avalia ele, é temporária, mas pode piorar sem investimento no campo.
"Essa crise é passageira, mas se não ficarmos atentos agricultura, que há muito tempo vem sendo o carro-chefe do controle da inflação e também valorizando o homem do campo, os efeitos podem ser maiores. A expansão de postos de trabalho no campo diminui o desemprego na cidade e aumenta as chances de enfrentar a crise", comenta o secretário de Agricultura de Rondonópolis.
De acordo com pesquisa realizada em novembro de 2007, incluída no Dossiê Rondonópolis 2008, documento que serve de base para ações públicas da prefeitura, o desemprego no município era de quase 15,9%, enquanto a média nacional, época, alcançava 9,3%.
Os 6.329 estabelecimentos agropecuários da microrregião de Rondonópolis, que conta com mais sete municípios menores, empregavam 21.832 pessoas.
Correia diz que a região berço político do segundo maior produtor individual de soja do mundo e atual governador do Estado, Blairo Maggi (PR) sempre deu prioridade monocultura e aos grandes proprietários de terras. A partir de agora, enfatiza o secretário, o foco da Secretaria de Agricultura, assumida por ele no início do ano, após a vitória do atual prefeito Zé Carlos do Pátio (PMBD) sobre o grupo do governador, passa a ser a pequena propriedade rural.
O secretário pretende usar a agricultura familiar para reduzir a taxa de desemprego da cidade. "Viemos para a secretaria para trabalhar os projetos que possam beneficiar os pequenos agricultores do nosso município. Anteriormente, Rondonópolis pensava apenas em grandes negócios, mas esquecia que aqui há muitos pequenos agricultores que precisam ser ouvidos. O investimento na agricultura familiar, estimulando também a produção em grande escala, como a de hortifrutigranjeiros, que tem mercado na cidade e na região, é um investimento com retorno rápido e responde rápido crise", afirma.
De acordo com Correia, há cerca de 5 mil famílias ligadas à pequena agricultura em torno do município. Algumas delas são proprietárias, outras arrendaram as terras e algumas ainda são meeiras, ou seja, plantam e repartem a produção com o dono da terra.
"Para que essas famílias não dependam da cidade, a prefeitura sabe que é preciso investir em infra-estrutura no campo. Nossa prioridade hoje é levar escolas e postos de saúde para a zona rural, melhorar as estradas, fazer um projeto para água encanada e para melhorar as moradias das comunidades rurais", diz ele.
O objetivo, revelou Correia Agência Brasil, é fazer com que as pessoas voltem ao campo. "Queremos que cada vez mais pessoas saiam da cidade para o campo, porque lá eles vão se auto-sustentar. E é muito mais fácil gerar um emprego no campo do que na área urbana, é muito mais barato", observa. Com passado ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o secretário quer que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) crie mais assentamentos na região, que hoje tem dez.
Entre os projetos focados no pequeno agricultor, Correia informou já estão em andamento alguns em parceria com os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, como aquisição de tratores para uso das comunidades rurais e o melhoramento genético para gado de leite. Duas áreas de posse do estado de Mato Grosso também estão sendo pedidas pela prefeitura para a criação de dois cinturões verdes para o cultivo de hortifrutigranjeiros
Fonte>http://www.midianews.com.br/conteudo.php?sid=4&cid=728
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